27.1.07

mais um sábado

solitário pela avenida
o gato preto miava
não consegui pensar em nada,
mas ao passar por ele dei boa noite
apesar de já ser madrugada

parei ao seu lado pra curtir mais um pouco
o vazio daquela hora
parece que na rua deserta
o amor não dói
a morte demora em chegar
o ódio é esquecido
a vida entra em latência

estavamos bem vivos eu e o gato
a hora era daquelas frias
pus ele no meu colo
e lhe contando coisas que queria me desfazer
fiz lhe carinhos nas orelhas

pensei bem,
porque dizer ao pobre de um bicho
que mal sabe de sua existência
que aqueles que se sabem
ao tentar descobrir saídas
entram em eterno conflito
...
poupei ele,
bichos são bichos
homens são homens
bichos não sofrem, bichos não sentem
homens se enganam, inventam de sentir
ele o gato se aninhou em meu colo,
pois bichos procuram fazer o que é certo
eu homem pensei que ele estava me entendendo
pois homens insistem em humanizar
toda a sorte de coisas,
que existam sobre o chão.

14.1.07

...

I do tell 5:

esta tua fria calma
sempre quente demais
se mostra no vermelho que tu lanças
no teu corpo contigo, preso sem castigo

tua demora me faz curiosar
será?
aí ascendente conclusão
que venha cair na na hora certa
já que o poço daqui já está cheio
de uma tal música chamada tristeza
a ficar escutada aos perfumes que nunca cessam
de cantar sobre o futuro, como se existisse lá
pelor ar que corre quente nas narinas

numa meia lua de pessoas
cantou-se alguma resposta nova
sem ter som, nem cheiro, nem cor
só expressão de proximidade
tu cá, ela aqui, eu do lado
elas cá, que seja finas assim

responda brevemente pois por mais ansioso
que eu não tente ser,
o conhecer as coisas tem que ser conquistado
no mais tardar não podem ser esperadas

11.12.06